Células-tronco
R.
Santana
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Nos Séculos XII e XIII, quantos
“cientistas” foram queimados como bruxos e hereges pelos tribunais
eclesiásticos? Milhares. Qualquer idéia que mexesse nos dogmas católicos, seria
erradicada no nascedouro. No Século XVI com a Reforma de Martinho Lutero e a
Contra-Reforma católica, os processos inquisitórios e os tribunais
eclesiásticos forma contemplados com a institucionalização do Santo Ofício.
Entendemos que não foi fácil para as
autoridades católicas mexerem no seu dogma da criação quando as idéias de
evolução de Darwin foram publicadas. Ninguém admite ainda hoje, que é um
parente próximo do macaco. Preferimos acreditar que o homem foi criado
físico-intelectualmente com a mesma desenvoltura potencial de hoje.
Para Aristóteles e Ptolomeu a Terra
era fixa no espaço, pois o seu movimento implicaria movimento em círculo das
coisas e não num movimento retilíneo e vertical.
Copérnico com sua teoria
heliocêntrica (o Sol é o centro do Universo), foi perseguido pela Igreja
Católica, mesmo sendo um dos seus cônegos. Galileu Galilei teve que se retratar
para não ser perseguido.
Porém, a Igreja Católica,
instituição milenar, tem que ser reconhecida pela sua coerência e defesa dos
seus princípios de forma peremptória. Ultimamente, ela tem pedido desculpas
pelos seus erros históricos e reconhecido sua condição falível e humana.
Far-se-á justiça a posteriori, a
Igreja Católica condenar o aborto voluntário, o homossexualismo, o trabalho
escravo, a pena de morte, o suicídio... E, a defesa sistemática do ecossistema,
do meio ambiente, da erradicação da fome, da miséria, e a promoção da vida,
dentre outras ações religiosas, mas penitenciar-se-á por não ter contribuído
para que a Ciência do Século XXI avançasse nas pesquisas de células-tronco
embrionárias em defesa da qualidade de vida e terapia de mulheres e homens.
O Supremo Tribunal Superior foi
sábio quando por maioria entendeu que não se pode negar ao homem a busca de
algo que diminua o seu sofrimento, o seu mal, enfim, em busca duma vida feliz.
Então, vejamos a notícia:
“O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou
nesta quinta-feira (29.05.2008), as pesquisas com células-tronco embrionárias,
ao derrubar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a Lei de
Biossegurança. Dos 11 ministros da corte mais importante do país, seis deram parecer
favorável à lei. Os outros cinco votaram parcialmente a favor, com ressalvas
diferentes. Um debate sobre o possível controle do Conselho Nacional de Saúde
sobre os comitês de ética das instituições responsáveis pelas pesquisas marcou
o final da sessão”.
Essa Lei de Biossegurança é a Lei nº.
11.105/05, em particular, o seu Artigo 5º., que autoriza a pesquisa genética de
embriões e deixou ao Conselho Nacional
de Saúde o controle dos problemas éticos, subordinado ao Ministério da
Saúde.
Alguns ministros do STF votaram com
restrições, para que no futuro, a engenharia genética não fosse usada para fins
escusos. Não se admite que com a atual explosão demográfica do mundo, somente
em dois países, a China e a Índia, têm mais de dois bilhões de seres humanos,
os cientistas usem essas células embrionárias para clonar seres humanos, não
obstante, elas serem de uma valia inquestionável para cura de doenças crônicas,
incuráveis, e na produção de órgãos.
O ministro Celso de Mello foi de uma
realidade mórbida ao justificar o seu voto: “Desculpem-me a expressão, mas o
destino de todos os embriões seria o lixo sanitário. Dá- se- lhes, portanto,
uma destinação nobre”. Enquanto isto, uma nota da CNBB, colocando em dúvida a
decisão do STF que numa votação apertada, por maioria simples, liberou as
pesquisas com células-tronco e justifica: “não se trata de uma questão
religiosa, mas de promoção e defesa da vida humana, desde a fecundação, em
qualquer circunstância em que se encontra”, e arremata: “no mundo inteiro, não há
até hoje nenhum protocolo médico que autorize pesquisas científicas com
células-tronco obtidas de embriões humanos em pessoas, por causa do alto risco
de rejeição e de geração de teratomas. Ao contrário do que tem sido veiculado e
aceito pela opinião pública, as células-tronco embrionárias não são o remédio
para a cura de todos os males”.
Na trama “O DNA de Emanuel”, tive o cuidado
de demonstrar a importância das pesquisas de células-tronco embrionárias e
adultas para o tratamento de doenças crônicas, incuráveis, porém, tive o
cuidado redobrado de demonstrar que é de somenos importância para evolução da
humanidade, a reprodução assistida, em laboratório, pois a fecundação e a
reprodução naturais são mais simples e eficientes, além da impossibilidade, atual,
de se clonar um ser humano além do seu fenótipo, isto é, além da aparência, com
as mesmas potencialidades cognitivas e psicológicas.
Emanuel, um ser humano perfeito fisicamente,
desde o início manifestou um comportamento estranho, psicótico, bipolar e por
conta dessa instabilidade mental, teve várias atitudes sociais reprováveis e
tem um triste fim.
Autor: Rilvan Batista de Santana
Gênero Literário: Crônica.
Nota: crônica escrita em 2008
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